sábado, 13 de dezembro de 2014

O cisne negro narrando as aves


Quando a noite é descrição de arco-íris, feita em 7 listras, o pote no fim das cores é ouro apenas se parar de chover.
Tudo, tudo coopera.Coração dispara, pulsação acelera em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.Dois segredos, uma história e um sorriso.Poucas linhas e muito o que se dizer sobre algo que nunca aconteceu, sobre algo que não sei que aconteceu.
Como é falar sobre algo do qual se desconhece a existência? Inédito.
Elegância e uma pitada de suspiro.Importância com um bocado de integração.Com ainda mais encanto surge um pássaro em meu canteiro de flores.Ele responde quando o chamo, vai, e fico a observar quando ele me faz o mesmo...Canta baixinho, para que as outras aves não se sintam intimidadas - com suas asas novas.
Em seguida, me vêm um corvo.Muitos diriam que era melhor se afastar, tomar distância da criatura...Mas, por alguns motivos, aquele ser sombrio sempre me atraiu de uma forma ou outra.Pousou rasteiramente ao meu lado sem que eu notasse, deixou a frieza de canto e quente parou em meu ombro.Abriu as asas que arranhavam meu rosto, assim uma forte fragrância me atingiu.Senti-me segura para contar-lhe um segredo : '' Já vivi este momento num sonho''.
Achei que havia acordado, mas todas as flores do jardim ainda estavam por lá.Inclusive os girassóis malditos, que viravam, tontos, em torno das luzes dos espelhos da minha janela.Sonho sim, sonho não, deixei-me ir a andar entre as flores todas.
Avistei, com certeza de que era, um bem-te-vi.Riu a mim como sempre cantarolando o que agrada.
Pouco ao seu lado, sai de um laginho, toda molhada, uma coruja.Abaixei-me e ela deu um passo, dois, em minha direção.Olhou-me com aqueles grandes olhos e piou.Toquei em suas penas e a água passou à minha mão.Foi embora dali, estava ficando tarde para perseguir aves no quintal..A presença da coruja já confirmava isto.
Sentei-me entre as flores azuis e a grama.Era confortável, nenhum inseto tão próximo, e, a luz da Lua começara a me atingir naquele exato instante.
Uma ágia, saída de nem-deus-sabe-daonde segue uma linha reta em minha direção.Meus olhos se tornaram fixos como os dela,ameaçadoramente belos.Ao estar frente a mim: parou.Voou para seguir a direção, mas as penas esbarraram no que posteriormente seriam as minhas.Virei-me: ela seguira em frente.
Fui-me de volta à casa e em frente ao espelho me deparei com os primeiros sinais: olhos manchados e penas na coluna.Virei a cabeça para olhar, do colo às costas meu pescoço grudou os lábios na pele.Na tentativa de gritar - ainda sem saber qual era o sentimento - assobiei.Cantarolei e cantei as águas de uma cidade a qual nunca fui...E, eu, tão pálida, beirando branca, via a escuridão tomar-me como gole de bebida em festa.
Ao bater as asas, perdi o vôo e cai na terra seca.Acordei já curada, com o corpo terno e já repudiado por tudo: estava de volta à temível ''normalidade''.Recebi visitas, queriam me agradar.
Foi-me perguntado o que queria de Natal, sugeriram um pássaro.Aquelas eram as opções,e, eu, ainda não sei qual delas voar.

                                                                               



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