quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Deidade





A faca não sacia apenas a dor dos que querem tirar a vida, claro que não.
A faca esculpe na pele, mesmo sem o toque, as palavras que não querem ser esquecidas
- e nem devem -
Assim foram:
"Porque este meu amor
tem nome e sobrenome
Apresento com louvor
Caleb Sindores"

Ao fim da tarde
A faca se foi,sã e limpa.
Com cabo de madeira bem velha,
E ponta afiada em aço de boa qualidade,
Lacrava em sua essência um poder inimaginável:
Quieta na gaveta cuspiu a tinta que sobrara, fez desenhos.
Eram cães, cidades, rosas e príncipes de olhos escuros e barba.
Foi tamanha a confusão já explicada por muitos profissionais antes.
Os desenhos tomaram vida, as cidades tão azuis se juntaram às existentes, 
As rosas foram junto para compartilhar a beleza e paz nos corações humanos,
Já os príncipes se separaram formalmente, exceto um aqui permaneceu:
Aderiu aos conhecimentos do mundo e os tomou como seus próprios,
Tornou-se mestre e deixou a barba crescer para enganar o tempo,
Vestiu versos, óculos, ironia, sensualidade e conhecimento,
Adotou a voz serena e provocadora entre os tais lábios,
Ensinou ao povo a adoração aos deuses e mortais,
E, em uma branca manhã de segunda-feira
Tomou como verdade a volta da faca,
Entre o peito pulsante e a pá
Escolheu viver.



Nenhum comentário:

Postar um comentário