quinta-feira, 24 de julho de 2014

Nota de Falecimento

Luto


A quem interessar saber, neste dia guardamos a lembrança da data de um ano de morte.Morte incompleta, a pior delas.
A incerteza e o temor foram gritados 365 dias atrás, cuspidos da garganta e não mais sufocados no papel pois atingiram um nível superior na escala de importância social e emocional.Olhes para estas mãos, o que vês? Branquidão em forma de cruz para jamais sob circunstância alguma ser esquecido os pecados, falhas, erros, brigas e, principalmente, o preço que deve ser pago devido a aceitação do fruto proibido.
Peço que juntais tuas mãos e rogue alto a prece que achais mais adequada.
Tudo que deveria ser dito sobre a data inicial deveras fora para que o papel não se rasgue como a garganta do falecido, uma vez dono da pureza que o foi tirada e da sanidade admirada até então.
Hoje, hoje e nenhum outro dia, a data nasceu podre e molhada pela chuva irônica dos céus para a refazer a tristeza bordada nos olhos que um dia estiveram abertos.
Nem mesmo as cartas de amor possuem magia suficiente para deter as lembranças misteriosas e únicas da nunca silenciosa e sempre temida morte.Um nome de significância bela e profundamente inspiradora quando romântica não oferece suas palavras neste dia para acolher tamanha dor, mas é esperado que esta pessoa reapareça em alguns dias - dizem os otimistas.
Não foi nenhuma espada que cortou nenhum coração, foram palavras que deram fim àquela vida sem medo até que a tão falada sinfonia do destino trouxe, por motivos ainda desconhecidos, o fatal piscar de olhos e bater de portas pela eternidade.
...
Mas quem foi que morreu?
-Fui eu.


(Não se brinca com aquilo que não é verdade, e mentira alguma se encontra aqui.)

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